Na Mesquita de Córdoba
De Miguel Torga (1951), Antologia poética. Coimbra: 1981, p. 296
Recolheu ao seu berço, perseguido
Por um outro colega intolerante,
Alá, deus das Arábias ressequidas.
Veio ver como era a Andaluzia;
E gostou deste chão de riso aberto
Onde o seu coração reverdecia.
Mas, corrido a orações e virotões,
Num minguante de moiras ilusões,
Lá se foi novamente às suas dunas
Caiar de branco a fé das açoteias.
E o seu palmar divino arquitectado,
Que aqui plantou, ondula mutilado,
Com saudades do dono e das areias.
Recolheu ao seu berço, perseguido
Por um outro colega intolerante,
Alá, deus das Arábias ressequidas.
Veio ver como era a Andaluzia;
E gostou deste chão de riso aberto
Onde o seu coração reverdecia.
Mas, corrido a orações e virotões,
Num minguante de moiras ilusões,
Lá se foi novamente às suas dunas
Caiar de branco a fé das açoteias.
E o seu palmar divino arquitectado,
Que aqui plantou, ondula mutilado,
Com saudades do dono e das areias.